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Términos de relacionamentos são Lutos

Encerrar o ciclo de uma relação amorosa é encarar simbolicamente a morte de um “Eu” é soltar e deixar ir sentimentos, pensamentos, vivências, apegos e sobretudo um sonho. Até então o casal viveu se fundindo no outro, perceba o quanto é comum o casal usar palavras parecidas, ou falar de forma similar ao outro, usar termos específicos em situações específicas, se comportarem de forma similar, parece até que usam uma linguagem específica para se comunicarem, se comunicam pelo olhar, por gestos.


É um reflexo da admiração que um tem pelo outro, é certo que nos tornamos parecidos com as pessoas que admiramos e convivemos, mas a evolução é a LEI da vida.


Não somos os mesmos que ontem e o casal com o tempo, por livre e espontânea vontade ou por empurrão da vida mesmo é obrigado a sair do casulo de paixão eterna, e rever seus comportamentos, sonhos, sentimentos, alguns casais não conseguem fazer essa transição sem que se machuquem, pois fazer transição para o novo exige sacrifícios e renúncias, abandonar velhos padrões de caminhar, sentir e sonhar.


Quando ocorre a resistência e as renúncias não acontecem, a relação paralisa e o que ocorre com água parada? A relação se torna tóxica.


Isso começa pela comunicação, o casal inconscientemente fica na defensiva, pronto para o ataque, vão deixando de falar um para o outro como se sentem, vão deixando sinais, formas abstratas de dizer às vezes o que nem sabe, aos poucos o casal vai se diferenciando e começando a sair da bolha e começam a se perceber que perderam o nós e se perderam também no “nós”.


Eles se questionam: E o que eu realmente quero para minha vida? Quem eu realmente sou nesse relação e sobretudo, quem estou sendo para mim? E é nesse ponto que alguns decidem fazer terapia de casal, outros iniciam a terapia sozinhos e alguns tentam por si só resolver suas questões.


É certo que quando o casal busca ajuda na terapia o caminho se torna mais claro e acabam recebendo orientações, se tornando mais conscientes e vão aprendendo formas de comunicar suas dores e frustrações.


A terapia de casal não é para unir casal e sim para que encontrem um espaço seguro para se comunicarem sem se agredirem verbalmente e assim conseguirem se entenderem melhor, às vezes concluírem que são bem melhores para si mesmos separados.


A terapia de casal une pessoas que reconhecem que juntos são boas e que desejam juntos fazer a relação dar certo, mas nem todos são assim, às vezes se dão conta que são bons como amigos e não como casal, que realmente não há mais relação amorosa: Acabou! e aí começa o luto.


Se você está passando por um momento de término de relação a sugestão é:


Se permita sentir a dor, não ignore o que a realidade está lhe mostrando, acabou! Você fez o que conseguiu, era o que você tinha para oferecer, o que você sabe hoje, tem consciência, é no hoje, se naquele momento você não tinha é porque ainda não estava preparado para esse conhecimento e talvez justamente tudo que você viveu até aqui e ainda vive foi ou esteja sendo o processo para você ter a consciência e ampliação sobre si mesmo e a relação.


Certa vez em sessão após um momento de processamento do luto de um paciente onde o mesmo estava encerrando um ciclo de relacionamento o mesmo me disse:


"Realmente, tentar corrigir o passado pensando em corrigir o presente não ajuda em nada. Sou aquilo que fui, que fiz, de erros e acertos."


Naquele momento eu pensei: Você entendeu.


Perceba que sua maior desconstrução no momento é do seu “EU” aquele eu que até aqui te ajudou, serviu, mas que atualmente deseja algo a mais, saber mais sobre si mesmo, não há certezas e respostas prontas, há apenas um caminho, desconhecido e duvidoso, mas é o seu caminho.


E nesse novo caminho é preciso fazer renúncias, do seu antigo EU, dos apegos, pensamentos e até de representações físicas, como por exemplo, roupas, objetos da pessoa amada.


O luto te chama para o desconhecido, para o novo, um novo EU, um novo caminho. Você ainda não sabe o que irá encontrar e o Luto é o lembrete: Que depois da morte é certo o renascimento, a vida nova.


Desapegue, se entregue e deixe ir!




Texto: Psicóloga Aline Vicente CRP 12/20200


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